Texto da apostila de Argila Terapêutica de Mathilde L. Azoubel.
A argiloterapia, ou cura pela argila, é utilizada desde a antiguidade, para o alívio das dores físicas e para o tratamento de doenças. No Egito antigo, usavam-se as lamas do rio Nilo para mumificação, conservação de manuscritos, para estética e, principalmente, para cura.
A própria recuperação da história da argila só foi possível pelo uso da argila, pois os papéis e manuscritos históricos foram mergulhados em água argilosa. Um antigo naturalista romano, Plínio, registrou sua admiração pela argila no seu livro “História Natural”.
Aristóteles referiu-se a ela, como um recurso que conserva e trata a saúde.
Galileno e Discóride, célebres anatomistas gregos, assim como o árabe Avicena, recorreram ao barro diversas vezes, para tratamentos de saúde, relatando sua eficácia.
O Padre Kneipp indicava cataplasmas ou emplastros de vinagre natural e argila, para envolver completamente pessoas e animais gravemente enfermos, obtendo ótimas recuperações.
Seu discípulo, Adolf Just, considerado o pai da geoterapia (uso da terra como medicamento no tratamento de enfermidades), divulgou resultados de anos de experiências, dedicadas ao estudo da terra como fonte de cura. Ele observou que a recuperação da saúde de seus pacientes se intensificava quando dormiam sobre a terra ou na grama. Isso possibilita o relaxamento, repouso e reposição de energia vital.
Em várias tribos, as mulheres grávidas deitam-se no barro para aliviar náuseas e se fortalecerem para o momento do parto.
Os índios também o utilizam para tratar feridas e para acelerar o processo de cicatrização. Entre eles é frequente o uso da argila em queimaduras graves.
No início do século XX, o professor Julius Stumpt empregou com sucesso a argila, durante a epidemia de cólera asiática, na recuperação dos enfermos.
Mahatma Gandhi, o Unificador da Índia, sempre aconselhava a cura pelo barro.
Durante a Segunda Guerra Mundial, quando a disenteria ocorreu na França, o uso da mostarda com o barro foi bem sucedido no tratamento desse mal.
Em Davos, na Suíça, num importante centro de tisiologia, no qual se trata tuberculose pulmonar, os pacientes eram envolvidos numa camada espessa de argila bem quente, obtendo-se recuperações espantosas.
Nas Filipinas, os nativos usam a lama para todo tipo de infecção intestinal.
Na África, é conhecido seu uso contra as diarreias.
Nos livros sobre os essênios, contam que: Jesus, ao ser retirado da cruz, foi levado para uma gruta, onde havia água, panos de linho, bálsamos oleosos de plantas medicinais, resinas aromáticas e potes cheios de argila preparados para acolher o mestre.
Graças a Gandhi e alguns naturopatas do início do século XX, como Strumpt, Luís Kuhme, Adolf Just e Kneipp, relatos importantes foram deixados sobre os tratamentos com argila.
Essas contribuições foram da maior importância para que países da Europa a adotassem na medicina oficial para a cura de doenças, em especial a tuberculose.
Atualmente, existe na Alemanha, Suíça, Escandinávia e, também, no Brasil, institutos que se especializaram em argiloterapia.