Espécie: Pogostemon cablin
Patchouli – o Aroma do Momento
24 de setembro de 2010
Texto de Valéria Trigueiro
É interessante notar como existem fases para a procura de determinados aromas. Já houve a fase em que a maioria das pessoas precisava e procurava perfumes com ênfase no óleo de erva doce, houve a fase da baunilha, do jasmim, e quanto ao patchouli, posso dizer que não é bem uma fase, já que é campeão no gosto das pessoas. Entretanto, estou achando curioso como do início do ano para cá, setembro de 2010, há uma procura maior, principalmente nos últimos três meses.
Assim, precisei parar para estudar o digamos, fenômeno. Encontrei algumas explicações me aprofundando mais no assunto, mas as respostas mesmo vieram pela minha caixa de mensagens. Em entrevista com meus clientes, pude perceber o que ora compartilho com vocês, e pela assinatura olfativa do óleo em questão, creio, ficará mais clara a compreensão do que pude perceber.
Para começar, a maioria das pessoas acredita que o patchouli seja uma madeira, o que não é difícil descobrir a razão, pois a primeira sensação que temos ao inalá-lo é de um aroma amadeirado. Na realidade, trata-se de uma erva da família da menta, e seu óleo essencial é retirado das folhas cortadas manualmente. Aguarda-se um tempo para que elas sequem, depois são maceradas na água, e só então submetidas ao processo de destilação.
Para obter-se um bom óleo, é necessário observar sua cor e viscosidade. O de melhor qualidade é aquele que passou por um processo de amadurecimento, tendo coloração âmbar e com aparência quase resinosa a exemplo do benjoim. Assim, quanto menos fresco melhor, mais profundo será o aroma e suas propriedades mais eficazes. Quando o óleo está novo, sua aparência é amarelada e a consistência mais líquida.
O aroma de terra tem a capacidade de evocar a sensação de havermos encontrado um abrigo dentro de uma floresta onde acaba de começar a chover. Não, não é minha veia poética! Por incrível que pareça, algumas pessoas que nem ao menos se conhecem me relataram percepções parecidas. Estou apenas “traduzindo” com minhas palavras. Traz conforto e segurança no sentido individual, um sentimento de estar amparado.
Além disso, ajuda a colocarmos nossos pés no chão, lidando com a realidade que se apresenta, não só nos aspectos práticos da vida, mas também na auto aceitação, inclusive do próprio corpo. É excelente para ancorar as energias, trazendo o pensamento para o aqui e agora, ajudando ao indivíduo a agir com as ferramentas que tem.
A energia do patchouli remete à juventude e isto tem uma razão, já que nos impulsiona à ação, sem preconceitos ou preocupações exageradas. É considerado por alguns autores como o óleo da juventude, pois além de seu aroma ser amadeirado, é doce e morno ao mesmo tempo e isto traz uma sensação de conforto emocional, nutrição e animação, na melhor expressão desta palavra, literalmente significando “com alma”, com o “sopro da Vida”.
O patchouli é considerado um óleo com energia yang, regido pelo Sol, que traz luminosidade, calor e energia para quem o usa. Também é visto como um poderoso afrodisíaco, não só por suas propriedades físicas, bem como as energéticas, pois como o Sol, ajuda as pessoas a se sentirem mais soltas e confiantes. Exatamente por isso, é indicado para aqueles que têm problemas nessa área, como se entregar por inteiro.
Assim, não é de surpreender que o patchouli, nesta época em que: a juventude é estendida para além da terceira idade; em que ser idoso é quase motivo de vergonha; em que as pessoas precisam se sentir protegidas contra as crises individuais e de relacionamentos; em que a busca pelo equilíbrio através do fortalecimento do indivíduo se faz necessária cada vez mais; e que manter os pés no chão é de vital importância para nos mantermos a salvo dos apelos do mundo exterior, os cosméticos e perfumes à base desse óleo essencial estejam sendo tão valorizados.
E eu, como perfumista, confesso que no meu perfume pessoal ele não pode faltar.